quinta-feira, 30 de julho de 2009

Noite da ausência


Se pudesse eu trocaria. Se pudesse eu me daria e me permitiria carregar toda sua amargura, mas dela só posso partilhar, só posso acolitar, carregar como Cirineu, só posso atrair os favores de Deus para ajudar-te a suportar. Eu ainda sim creio que a agulha que nos fere é a mesma que tece um manto novo, uma veste nova, um cinto de ouro. Um só dos olhares do céu pode tudo mudar eu sei, mas se é necessário, nesta terra passar pelo cadinho do sofrimento, não posso eu, mísero servo, atrever-me a negar o desejo do meu Senhor. É o óleo destilado, a chama Viva que arde em nós, que consome, que se atreve a tocar-nos e sem que saibamos purifica-nos, nem eu mesmo sei o porquê.

Testados na esperança, vigiando na noite do silêncio e da ausência e pelo frio sofrimento da espera levado.

Mas há muito me amas, Senhor, e esperas o meu Sim, esperando ver-me pronto. Agora creio estar a caminho da perfeição, da pureza, da sacralização, do amor, da humanização. Se derramaste sangue, eu também poderei. Bordarei a beleza de um ser, enchendo-o de anéis e coroas de rosas. A tua amargura será uma doçura se eu a aceitar e mesmo no meio da morte encontrarei a vida. Ficarei belo e sem mancha, com vestes lavadas em martírios, alvejada no Sangue, purpurada no olhar do Senhor, atraído por Ele com ânsias de amor, certo de uma esperança imortal, sem mancha, ainda que invisível!


Tens a mim!


Monge, para sempre monge!

3 comentários:

Cinthia disse...

exatamente, meu caríssimo amigo.

Tens a mim também..

C.Jordão disse...

sempre caminha em Deus é verdadeiramente bom

Anônimo disse...
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