
"No fim seremos julgados pelo amor."
Queria começar por essa frase de São João da Cruz. I Vésperas de tão grande solenidade, natalício, dia sagrado, pois de Deus saí e aqui nesse exílio me disponho a correr ao Seu encontro. De dor incompáravel essa vida, mas de consolo inestimável.
Chovia nessa sexta, o dia acordou cinza. Eu, particularmente gosto dos dias cinzas, me fazem bem, mas o dia hoje não me causava atração, pois chovia. Gosto dos dias cinzas quando eles trazem ventos e não chuva. Pois bem, logo pela manhã adentrei e desbravei essas águas novas que do céu desciam, lavaram-me no sono, encharcaram-me os pés. Lágrimas ou banho? Unção! Sabia Deus, Aquele maravilhoso Ser que eu amo o céu azul e o vento, sabia ele que a tarde para mim atrai-me ao céu e a contemplação da saborosa doçura de pertencer ao número dos que O amam.
Celebro hoje a vida, mas não tenho medo de dizer que sinto o cheiro da irmã morte. Não aquela do esquecimento, mas a morte do encontro. Não a morte da dor e do luto, mas a alegre irmã que trará o Belíssimo Esposo definitivamente. Um só dos olhares dele me atrairá, ardendo-me irei unir-me a Ele.
Hoje, comemoro o dia que sai dEle e logo celebrarão o dia que regressarei a Ele. Chama viva, Amado, Esposo, Amigo, PAI.
Tenho que dizer, me alegro em poder chamar-Te de PAI. Pequena, porém dura palavra. Não sei bem como digerí-la. Precisei de um para nascer, me deste um pai, olho e olho e vejo muito pouco perto de mim, olho mais uma vez e reconheço que Tu me persegues com Teu olhar de PAI. Queres que eu viva, por isso me atraia para Teu reino aqui na Terra, Tua Igreja Santa, me levaste ao claustro e retiraste minhas sandálias. Descalço fiquei.
Não temo minha história. Tenho amor por ela, reconheço-a com carinho, vejo-a com alegria, a vejo com novos olhos. Olhos de águia. Tive que aprender uma coisa, olhar para Ti e dizer:_ ACEITA-ME COMO SOU. Oras, uai, foi assim que me amaste. Que são meus olhos, que são meus olhos sobre você? NADA. Contudo, os teus sobre mim, ah, esses sim, esses fazem diferença.
To chorando.. kkkk :) !!!!
Vi um Ipê amarelo, desses muitos que colorem nossa cidade. Mas esse está longe, no meio da mata e reluz de longe. Percebi que assim como ele lá longe veio a minha percepção, eu também estou na percepção de Deus, singular, não misturado.
Chegou-me um menininho, um menininho que mora no meu coração... Chamado Vinicius.
_Olha Bruno, minha festa vai ser amanhã as 17hs e a sua?. (porque ele faz niver no mesmo dia que eu).
_ Ah, Vini, vai ser a noite, porque de dia é dificil, vai que chove?
_Não, vou orar e pedir a Deus que mande um sol brilhante para mim durante o dia e uma lua muito brilhante pra você durante a noite.
_kkkkkk... que bonito, tenho certeza que Ele vai conceder.
Emudeci. Mais uma vez. Ele me mata sempre. Com 8 anos desconstroi-me e me ensina. Eu devo ter sido sim uma criança feliz, mas não me dou bem com elas. Elas? Me amam! vai enteder...??!! tenho que rir dessa cômica tragédia. Uma dose de tristeza, mas com a surpreendente esperança de que tudo é mutável. Digo isso, porque no mesmo nome, Deus se revela em duas particularidades para mim. É ao mesmo tempo eu criança sendo amado e amando, e sendo "Pai", irmão mais velho, etc... Recebo da outra mão uma super dádiva, um novo Vinicius, um Vinicius Pai. Um Vini Filho e um Vini Pai. Onde está Deus nisso? hum, a ensinar-me. Onde estou eu? A formar-me!
Nascendo sempre e me contruindo dia a após dia. Errando, buscando novos caminhos, olhando novas flores, encantando-me, detendo-me quando necessário. Bebendo da vida que me foi dada, usando dela conforme sinto-me impulsionado pelo Espírito, às vezes guiado pelo instinto. Contudo e sempre inteiro. Sem rótulos, rotulando por vezes, mas nao deixando de me moldar. Chorar? Faz parte... Adoro lubrificar os olhos, eles precisam falar mais dessa forma. Adoro minha vida, adoro meu amigos, adoro minha família imperfeita, com cicatrizes, porém linda. Adoro tudo o que tenho. Tem coisas que parecem não servir-me de nada, mas se não servissem não as teria. Acomodo-me como posso, o que não posso levar eu deixo, sem querer as vezes deixar, mas é preciso... Arquicambalhotas, viro palhaço num palco que eu mesmo montei... Sou protagonista da minha vida, consagrado ao Oscar. VIP. Eu sou assim, um pedaço de luz e outro de escuridão, pareço com o mundo. Não bipolar, mas intenso em todos os sentimentos. Sou um Ipê, sou um rio, sou uma bola e uma vareta. Uma melodia e um doce, um silêncio e um encontro. Um jeito de ficar e outro de ir. Sou o que você quiser de mim. Sou eu mesmo.

Feliz por celebrar-me junto de Deus...