terça-feira, 2 de novembro de 2010

Irmã Morte

E pela dor sentida da morte prematura ou não.
E pela lágrima doída da dor da solidão. Uma Ave-Maria.
São plantadas no chão da terra as vidas ceifadas pela doce irmã morte, e que estranheza pensar em vós, Dona Morte, como irmã. Assim nos disse o Pai Seráfico. Tu nos levarias ao encontro do Senhor, por isso és bendita.
Pintaram-te com veste negra, as vezes com cavalo, e sempre com a foice em suas mãos. Causa horror ver-te assim tão desprezível. Podes ser tão má? Não creio. Não creio por causa da fé. (kkk ficou até estranha essa frase). Serias forte, mais forte irmã Morte, se não existisse a Ressurreição. Serias mais negra, se a luz daquele Domingo não tivesse resplandecido, e dentro do teu reino, no reino da morte, a bendita Luz brilhou, tão refulgente que tivestes que render-te a ela.
Toda vez que resolves vir Dona Morte, os cristãos se apegam a esse pensamento, a essa verdade, de ser destinado a ressurreição. Até mesmo aqueles que seu ofício deixou preso no purgatório. As benditas! Lá padecem pela misericórdia, sentem saudade dos olhos de Deus e têm tamanha saudade do abraço dEle.
Ante-sala da salvação, espera do paraíso. Ouve-se o som do céu as vezes que a porta dos arcanjos e querubins são abertas. Quando pela fresta das cavernas surge a Mãe de Deus a salvar uma ou outra. Ali, dona Morte, és impotente, ali só as orações são poderosas. Sufrágios, preces, Missas, baluartes da salvação.
Um dia, querida irmã, não se precisará mais dos teus serviços, um dia não poderás mais encher tua biblioteca com livros da vida dos que ceifas com tua foice. Um dia será apagado teu nome, tua força, tua ira, tua boa maldade, ou má bondade. Um dia... no dia que o Doce caçador vier, no dia que o Pastor disser. Eu sou o teu pastor, te conduzo, nada mais te faltará. Vem, que te levarei aos prados verdejantes. Vem, eu te levarei. Não temas esse vale sombrio, eu estou contigo.

De você irmã morte, eu tenho uma reclamação: a insuportável saudade que você deixa no lugar da presença!

Um comentário:

Állyssen disse...

Como eu disse no meu último post:

"A MINHA DOR NÃO É PELOS QUE SE FORAM... MAS PELOS QUE ESTÃO AQUI, COMO SE NÃO ESTIVESSEM."

Bjos!

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